Vereadores que não aceitaram a investigação da suposta corrupção praticada pela Prefeita Márcia Cavalcante |
A carta magna de 1988 em seu primeiro artigo estabelece que “todo poder emana do povo que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da constituição”. Nesse diapasão, peço venha aos internautas guamaenses para tecer alguns comentários sobre os fatos acontecidos na manhã de hoje na Câmara dos vereadores de São Miguel do Guama.
A democracia vigente em nosso país é classificada pela doutrina como sendo semi-direta, no qual o povo é o titular do poder e o exerce por seus representantes, assim, concluímos que o constituinte escolheu alguns instrumentos para reaproximar o cidadão das decisões políticas, seja através do sufrágio universal seja através da participação direta (plebiscito, referendo e iniciativa popular).
Na atual conjuntura social brasileira e principalmente guamaense, podemos afirmar com exatidão que temos uma democracia extremamente frágil, pelos motivos que passamos a expor:
1- As duas rádios do município detinham contrato com a Prefeitura Municipal de São Miguel do Guama e, por conseguinte ficavam impedidas de levar ao conhecimento popular denúncias como as que levaram a instauração da Comissão Processante;
2- A rádio FM do município muito embora seja comunitária funciona como se fosse advogado de defesa da Prefeita;
3- A emissora de TV local recebe valores acima do mercado para praticar os mesmos atos das rádios;
4- A internet e praticamente controlada pela Prefeitura através de blogs que são remunerados com o dinheiro do contribuinte, ficando assim silente ante as denúncias de corrupção;
5- Os sites estão na mesma situação vexatória dos blogs;
6- Os vereadores foram pegos em situação de nepotismo e forçados a entregarem os cargos de seus parentes graças a intervenção do Ministério Público.
Vejam que praticamente tudo (principalmente informação) é controlado pelo “poder do capital” que impede o cidadão de ter acesso a verdade dos fatos e principalmente denúncias de corrupção. Sabe quantos meios de comunicação estavam presentes hoje na Câmara? Não preciso nem responder.
O vereador Elias da Funerária que foi eleito graças os votos de uma parcela da Igreja resolveu ignorar os mandamentos divinos e levantou-se, votando contrário a instalação da Comissão Processante. Mas o que esperar de um individuo que colocou sua filha para assumir a coordenação de posto de saúde e seu filho para ser diretor do SAMU, ambos sem qualificação técnica para os respectivos cargos?
A vereadora Maria Rodrigues foi parlamentar na época da KC, foi parlamentar do Tigrão onde lhe fazia juras de amor, votou pela concessão do abastecimento de água para a Empresa Endicon que deixou os guamaenses sem água. Logo em seguida foi derrotada nas urnas e voltou a Câmara graças a uma manobra política que levou ao cargo de Secretário de Administração o Sr. Marquinho. Hoje chora em um microfone jurando fidelidade a Márcia Cavalcante e votando novamente contra os intereses da população que padece na terra das mochilas.
O líder do Governo Raimundo do Miteco acompanhou a Prefeita na briga com o PMDB e ganhou de presente a Secretária de Agricultura para seu genitor que foi exonerado pela ex governadora Ana Julia após o “quebra quebra” do DETRAN onde o dito cujo era diretor.
O bicudo Bacelísio parece um mudo na Câmara, nunca presenciei um pronunciamento deste senhor, porém, hoje levantou-se contra a instalação da Comissão Processante, talvez seja por que possui linhas de ônibus para o interior ou por que teve o seu reduto eleitoral beneficiado por ações da Prefeitura conforme noticiou o Secretário Jango Matos em seu badalado blog.
Ante aos fatos acima narrados me faço várias perguntas, dentre as quais poderia destacar uma. Será que estes vereadores representam mesmo um trabalhador honesto que passa mais de 8 horas diariamente em uma cerâmica para ganhar um salário mínimo, arriscando suas vidas em fornos com altas temperaturas?
Certamente não representa, pois na política, cada um defende o seu bolso de acordo com as conveniências do poder, principalmente aqueles que vivem da política e não possuem outra profissão, ficando reféns aos interesses do capital. É por essas e outras que através da iniciativa popular uma lei foi declarada constitucional pelo STF para banir da vida pública, criminosos que usam gravatas e ternos, os quais são co-autores de crimes hediondos como o homicídio qualificado. Quando um jovem desempregado, sem acesso aos estudos puxa o gatilho de um pistola e ceifa a vida de um pai de família, por trás dele tem centenas de pilantras portadores de mandatos eletivos que desviaram dinheiro da educação e são contra a apuração de denúncias de corrupção.
Andrey Monteiro
Editor do blog
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