Nas eleições de
2012, o futuro político dos municípios paraenses está nas mãos dos eleitores de
menor escolaridade. De acordo com as estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), atualmente 63,37% dos eleitores aptos a votar em outubro não terminaram
sequer o ensino fundamental. Destes, o número de pessoas que declararam ser
analfabetas ou que sabem apenas ler e escrever ultrapassa a casa do 1,3 milhão.
Uma realidade que não se reflete no perfil dos candidatos que estão disputando o
voto neste pleito. Os números mostram que a prevalência - tanto nas eleições
majoritárias, quanto nas proporcionais - é de candidatos que possuem pelo menos
o ensino médio completo.
A condição de
baixa escolaridade do eleitorado paraense supera em muito a média brasileira,
que é de 18,9% dos poucos mais de 140 milhões de eleitores que se declararam
analfabetos ou que sabem apenas ler e escrever. No Pará, a faixa de cidadãos que
estão nesta situação alcança quase 26% do eleitorado.
Já o número de
eleitores no Pará que já concluíram ou pelo menos iniciaram uma graduação de
nível superior, somados, representam 3,4% do eleitorado. Eles estão abrigados,
sobretudo, na capital, que sozinha concentra 51,1 mil votantes com
diploma.
"Do ponto de
vista da história, este é um eleitorado bastante suscetível às promessas dos
candidatos, muito mais do que à trajetória de vida (politica e profissional) dos
mesmos. Como se sabe, ou pelo menos se supõe, a fragilidade secular do quadro
partidário brasileiro impele o voto na pessoa do candidato e não na sigla
partidária, como ocorre e deve ocorrer nas democracias avançadas e consolidadas.
Daí que ainda não se deve esperar nas eleições que se aproximam votos muito
qualitativos", avalia o cientista político, historiador e pesquisador José
Carneiro.
Ele argumenta, no
entanto, que o nível de instrução dos eleitores não é uma sentença
definitiva.
"Tem-se como
pressuposto que o nível educacional da população, na medida em que aumenta,
melhora o processo eleitoral. Em tese isso pode até funcionar, mas não é demais
lembrar que recentemente tivemos um doutor na presidência da República, em dois
mandatos, seguido de um operário com igual tempo de mandato e ambos fizeram
governos bem distantes do agrado da média populacional. Isso é apenas uma
referência para mostrar que em politica os pressupostos podem mudar ao sabor dos
acontecimentos", afirmou.
Na avaliação
dele, a escolha do eleitor está muito mais ligada ao poder de persuasão dos
candidatos durante a campanha eleitoral. "Parece que a propaganda eleitoral em
si - e não me refiro à televisiva - com as marquetagens de sempre, preponderam
sobre o eleitorado. É claro que a difusão dos meios de comunicação interfere
diretamente na mudança desse quadro, produzindo mudanças no perfil do
eleitorado", afirmou o especialista.
A baixa
escolaridade do eleitorado paraense é uma realidade que vem de muitos anos. No
entanto, os números da Justiça Eleitoral mostram que esta situação já foi pior.
A parcela do eleitorado que tem até o ensino fundamental completo caiu 4,8% nos
últimos quatro anos, enquanto que a participação de eleitores que já ingressaram
em uma universidade teve uma evolução de 0,7% no mesmo período. O número de
eleitores, de uma forma geral, cresceu 5,33% no comparativo com 2008, passando
de 4.515,590 para 5.100. 797 eleitores.
Atualmente, o eleitorado
paraense é formado, sobretudo pelos eleitores com ensino fundamental incompleto,
que totalizam 1,9 milhão de votantes (37,3 %); os que leem e escrevem, que
somados chegam 932,6 mil (18,2%); os de ensino médio incompleto, com 854,3 mil
pessoas (16,7%); os de ensino médio completo, com 523,1 mil (10,2%); os
analfabetos, com 392,7 mil (7,6%); os de ensino fundamental completo, que
totalizam 308,8 mil pessoas (6%); os 100,2 mil eleitores que possuem nível
superior completo (1,9%); e por fim os 77,9 mil cidadãos que não completaram a
graduação superior (1,5%). Deixaram de informar 3,8 mil
eleitores.
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