Mesmo com falhas, o ENEM é o espelho do ensino no Brasil. Mais do que indicar onde matricular os filhos, o exame mede o desempenho de cada uma das escolas do Ensino Médio em comparação ao conjunto do País. Dá samba, mas não cabe em uma nota só. É preciso desagregar os números e identificar onde o problema é mais grave, quais são os bons exemplos e se é possível replicá-los para melhorar as escolas que ficaram para trás.
A média brasileira melhorou, mas continua baixa. Os 548 pontos, convertidos para uma escala de 0 a 10, equivalem a meio aponto acima do mínimo para aprovação. Como toda média, ela omite muitas desigualdades. Sem conhecê-las, é impossível ter um plano eficiente para reduzi-las, diminuir a distância das piores para as melhores e aumentar a própria média.
A nota média das escolas privadas brasileiras do Ensino Médio é 15% mais alta do que a das escolas públicas: 608 a 527. Considerando-se o preço das mensalidades das particulares, a diferença de 81 pontos não é tão grande. Se a nota máxima fosse 10, a distância seria inferior a um ponto.
A distância parece maior porque há poucas escolas públicas de excelência: apenas 8 entre 14.247 tiveram média igual ou superior a 700 em todo o país: 0,06%. Nas particulares, 52 de 5.172 superaram o equivalente a uma nota 7: 1%.
Dito assim, parece o roto falando do esfarrapado. A percepção de que ensino privado é igual a qualidade vem do fato de que 87% das escolas de excelência serem particulares.
Elas fazem a fama, e muitas outras escolas privadas deitam na cama, mesmo sem merecer. A desigualdade entre as escolas particulares é maior do que no ensino público. Há dezenas de milhares de alunos pagando por um ensino pior do que o das melhores escolas públicas. A média das 10% piores escolas particulares no ENEM é 557, enquanto a média das 10% melhores entre as públicas é 564.
Fonte: Blog do Noblat
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