O vereador Ariel Moraes Castro, do PSDB de São Miguel do Guamá, poderá sofrer processo de cassação pela Câmara Municipal daquela cidade do nordeste paraense. Ele está sendo acusado de prática de crime de estelionato contra a dona-de-casa Maria do Socorro Xavier, através do programa de crédito produtivo financiado pelo Banco do Estado do Pará (Banpará) para atender pequenos empreendedores. Maria do Socorro já registrou queixa na Delegacia de Polícia de São Miguel do Guamá, e solicitou à Justiça a abertura de inquérito policial contra o vereador tucano.
O Ministério Público também deverá ser acionado pela dona de casa, que ficou com uma dívida junto ao Banpará, enquanto Ariel Castro teria embolsado boa parte dos R$ 2 mil que eram destinados a equipar uma lanchonete da dona de casa.
A reportagem de O LIBERAL tentou entrar em contato tanto com o vereador Ariel Castro quanto com os proprietários da empresa F. Alves Filho. O primeiro não foi encontrado. Já na empresa, a informação era de que os proprietários não iriam lá ontem. Vários vereadores disseram que Ariel Castro já “tinha sujado” os nomes deles e que não hesitariam em votar a favor da sua cassação.
Segundo Maria do Socorro, em janeiro deste ano ela foi procurada por Ariel, seu “irmão de igreja”, que lhe propôs o benefício previsto no programa de crédito produtivo do Banpará. Ela disse que não poderia ter acesso ao crédito porque seu nome estava incluído no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Mas Ariel Castro insistiu para que ela assinasse toda a documentação em nome de outra pessoa. O escolhido foi outro membro da igreja, Antônio Paixão Pereira dos Santos, que concordou em ceder seu nome para a operação financeira junto ao Banpará.
Em fevereiro, Ariel foi à casa de Maria do Socorro, levando a nota de crédito comercial número 02001159-4, datada do dia 21 daquele mês, no valor de R$ 2 mil. Ele pediu que a dona-de-casa fosse, junto com Antônio Paixão, à agência do Banpará sacar o dinheiro. Lá, eles foram informados da necessidade de uma nota fiscal referente aos bens que constavam na nota de crédito (um freezer, uma estufa, uma chapa e um liquidificador industrial). Sem o documento, eles foram até Ariel, que garantiu que arrumaria a nota fiscal.
Posteriormente, ele voltou com uma nota emitida em fevereiro deste ano pela empresa F. Alves Filho Comércio de Móveis e Eletrodoméstico, bastante conhecida, localizada no Centro de São Miguel. De posse da nota fiscal dada por Ariel, Maria do Socorro e Antônio Paixão foram ao Banpará para receber o dinheiro. Mas o gerente entregou-lhes apenas R$ 600. Eles retornaram à loja, onde foram informados que não teriam os 1.400, mas as mercadorias constantes da nota fiscal. Mas uma vez foram até o vereador Ariel Castro e de lá seguiram até o comércio. Foi quando o golpe do vereador tucano começou a ser revelado.
Um dos proprietários da F. Alves Filho, Anderson Alves, havia negociado a venda de um aparelho de TV e uma cômoda, num total de R$ 554, e mais um cheque da empresa, no valor de R$ 716. Quanto aos R$ 130 que restavam para completar os R$ 1.400, Ariel e Anderson disseram que era para pagar Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Ariel Castro acabou retendo o cheque de R$ 716,00 que estava com Maria do Socorro e só devolveu-lhe R$ 125. Por várias vezes ela procurou o vereador para tentar reaver seu dinheiro, mas sempre ouvia de Ariel que “ele não era vereador de assinar promissórias”.
O resultado é que Maria do Socorro comprou um televisor e uma cômoda que não lhe interessavam, perdeu o restante do dinheiro a que ela teria direito do crédito financeiro pelo Banpará, não conseguiu comprar os equipamentos que precisava para montar sua lanchonete, e ainda vai ter que pagar a dívida bancária, sem ter condições para isso. O pior é que Ariel também está sendo acusado de ter aplicado o golpe em outras pessoas residentes em São Miguel do Guamá. A Polícia também já está investigando essa possibilidade.
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