"Quanto tempo será que ainda tenho de vida?”. “Por que eu fui escolhido?”. “Como a sociedade vai me encarar a partir de agora”? . Todos esses questionamentos foram feitos pelo jovem J., 24 anos, assim que descobriu ser portador do vírus do HIV, há quatro anos.
Ele conta que desconfiou que tivesse contraído a doença porque começou a apresentar, com frequência, um quadro de gripe forte, acompanhado de diarreia e muita dor de cabeça. “Uma simples gripe virava um transtorno. Parecia que eu estava muito doente”, lembra.
Incentivado por familiares e amigos, ele resolveu fazer o teste para detecção de HIV. “Quando vi a palavra positivo, fiquei desnorteado. A primeira reação que tive foi tentar me matar”. E ele tentou mesmo. “Me joguei na frente de um ônibus, mas ele conseguiu frear e não fui atingido”.
Hoje, J. se considera outra pessoa. “Descobri que sou uma pessoa normal, que tenho sonhos como todo mundo e que se eu me tratar direitinho terei chances de ver meus filhos, meus netos e até meus bisnetos crescerem”, conta.
O jovem faz parte das estatísticas da Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa), que mostram 9.428 pessoas infectadas pelo vírus no Pará entre 1985 e 2009. Desse total, 6.030 são homens e 3.398 são mulheres. Ontem, em coletiva realizada para apresentar o cenário epidemiológico da doença no estado, o coordenador do programa DST/AIDS no Pará, Lourival Marsola, afirmou que a situação do Pará, no cenário brasileiro, não é considerada preocupante. “O nosso Estado tem algumas peculiaridades e temos muitos desafios. Mesmo assim, temos um programa de AIDS que funciona e é um dos mais antigos e eficientes do Brasil”.
Os números apresentados mostraram que, dos estados da Região Norte, o Pará é o que tem a maior incidência de casos. Já entre os estados brasileiros, o Pará fica em 14° lugar. Considerando a proporção a cada cem mil habitantes, Ananindeua foi o município brasileiro que teve maior aumento de casos entre 1997 e 2007 - 300%
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