segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Mesmo com conta no banco, poucos poupam

Mais da metade dos adultos brasileiros tem conta bancária, mas apenas dois em cada dez economizam dinheiro. 

Relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial que acaba de ser divulgado destaca os aspectos positivos da maior inclusão financeira no Brasil.

Entretanto, mostra preocupação com a baixa poupança e com os riscos do endividamento, principalmente da população de renda baixa.

A fatia da população com acesso a contas bancárias, de 56% no Brasil, supera a média de 39% na América Latina e a parcela verificada na maioria dos emergentes.

Apesar disso, em 2011, apenas 21% dos brasileiros informaram ter poupado algum dinheiro no ano anterior. Apenas metade disso em bancos.

O relatório enfatiza que países com renda semelhante à brasileira têm o dobro do nível de poupança formal. "Produtos de crédito expandiram-se mais rapidamente e se tornaram mais difundidos do que os de poupança, criando potencial para níveis de endividamento pouco saudáveis", diz o documento.

O Fundo e o Banco Mundial elogiam, no entanto, os esforços que o governo brasileiro têm feito na educação financeira da população.
 
MAIOR BANCARIZAÇÃO

A forte expansão da inclusão financeira motivou as instituições a estudar o Brasil.

O relatório destaca que todas as cidades do país contam com algum acesso formal a serviços financeiros. 

Os fatores citados para a maior bancarização no país são o crescimento da rede de correspondentes bancários, a expansão do microcrédito e o aumento da renda da população mais pobre.

A inclusão, afirma a nota, tem dado à população acesso a operações bancárias básicas e a linhas de crédito.
De acordo com Sérgio Odilon dos Anjos, chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central, além dos benefícios aos clientes, a bancarização tem ajudado a aquecer a economia das cidades menores. E tende a contribuir para elevar a poupança.

"É mais fácil estimular a poupança quando as pessoas estão bancarizadas. É o que esperamos que aconteça".

O professor do Insper Ricardo Rocha observa que o consumo ficou represado no Brasil durante anos, com a hiperinflação, o mercado fechado a produtos importados e a restrição de renda da população. Contornadas as barreiras, houve uma corrida às compras, amparada por farta oferta de crédito.

Entretanto, ele nota que mais recentemente o apelo do consumo tem refluído. "O tranco da inadimplência deixou as pessoas mais preocupadas em poupar."

Além de dar mais segurança aos consumidores, o aumento da poupança é recomendável, diz o especialista, para ampliar os investimentos no país e impulsionar o crescimento econômico.

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