Mais de 53 mil pessoas são assassinadas por ano no Brasil. A maioria delas são homens jovens, vítimas dos vários tipos de mortes violentas, pardos, com 4 a 7 anos de estudo, mortos nas vias públicas, por armas de fogo. Esse é um dos dados do estudo “Custo da Juventude Perdida no Brasil”, elaborado pelo diretor do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Daniel Cerqueira.
O Pará ultrapassa a preocupante marca dos 125 homicídios por cada grupo de 100 mil jovens. Essas mortes representariam um custo de R$ 3,2 bilhões ao ano, ou 3,5% do PIB estadual, conforme mostra a taxa de vitimização violenta de jovens e valores sociais, o chamado “custo social” caso alguém fosse responsabilizado pelos crimes.
O custo violência do Pará é um dos mais altos do país, considerando o que representaria no Produto Interno Bruto. Nos mais violentos, como Alagoas, o custo das mortes violentas seria de R$ 1,7 bilhão, chegando a representar 6% do PIB. No Amapá o custo é de R$ 400 milhões, mas a fatia do PIB chega a 3,9%. Em São Paulo, que registra a menor taxa de mortes violentas de jovens, o custo de R$ 14,9 bilhões representa 1% do PIB. No Brasil, o prejuízo é de R$ 79 bilhões – 1,5% do PIB nacional – e tem como base 1,9 milhão de jovens vítimas de mortes violentas (homicídios, acidentes e suicídio) entre 1996 e 2010.
Os dados sobre mortalidade violenta juvenil mostram uma realidade trágica, de acordo com o estudo. No Pará, por exemplo, a taxa de vitimização violenta letal de homens entre 15 e 29 anos é de 279 por grupo de 100 mil indivíduos, taxa considerada alta. A maior é a de Alagoas, 456 por 100 mil. “A violência perpetrada contra jovens é um fenômeno disseminado no país e que tem crescido substancialmente nas últimas décadas. A cada ano, uma maior proporção de jovens, cada vez mais jovens, é assassinada”, destaca o pesquisador Daniel Cerqueira.
Cerqueira esclareceu que os valores obtidos no estudo não significam dispêndio direto do governo ou perda de arrecadação e produtividade econômica com a morte precoce dos jovens. “O cálculo utiliza uma metodologia referente ao custo do bem-estar social, ou seja, o quanto a sociedade percebe que custa a alta taxa de mortalidade no país”, afirmou.
“São incomensuráveis as perdas dessa tragédia, em termos de dor, sofrimento, e desestruturação familiar. Por outro lado, esses óbitos geram um custo econômico de bem-estar para a sociedade que pode ser expresso monetariamente. Neste trabalho, utilizamos uma abordagem de disposição marginal a pagar para evitar o risco de mortes prematuras devido à violência”, destaca Daniel Cerqueira.
Ele aponta ainda que o impacto destes custos é diferente em cada estado, tendendo a pesar mais em estados de baixa renda e alta criminalidade. O pesquisador explica que os dados mostram que o valor que a geração corrente estaria disposta a pagar para erradicar a violência gira em torno de R$ 2,21 trilhões. “Somado ao montante das gerações futuras, o custo de bem-estar da violência letal seria de R$ 2,63 trilhões para a sociedade brasileira, o que representa 51,5% do PIB”, informa Cerqueira.
(Diário do Pará)
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