Uma carta interceptada pela polícia quando saía de dentro do Presídio Estadual Metropolitano III, em Marituba, direcionada a outro bandido, chamou a atenção de autoridades, membros da imprensa local e até de um juiz. O conteúdo chegou ao conhecimento do Comando Geral da Polícia Militar, Delegacia Geral e Judiciário e os deixou em estado de alerta. A carta lista várias pessoas que deveriam ser mortas pela facção criminosa. Entre os ameaçados estão um juiz, três delegados, um tenente-coronel da Polícia Militar e até um repórter. Além disso, ele lista outros 13 homens que seriam de uma quadrilha rival a dele e também deveriam ser mortos.Mais do que a ameaça, as cartas revelam um grande esquema de tráfico de armas pesadas e drogas.
Pela assinatura contida na carta de duas páginas, o remetente é um homem conhecido por Maicon e o destinatário é o individuo conhecido pela prática de vários crimes, o “Pitôco”.Segundo a polícia, “Pitôco” faz parte da quadrilha de Rafael Vasconcelos Martins, o “Rafaelzinho”, morto durante uma troca de tiros com policiais civis no Outeiro, em Belém, há dois meses. Nesta ação foram presos Luiz Diego Ramos de Lima, 22, o “Playboy”; Cleiton Guedes Lima, 22; Escley Barros dos Santos, de 28 anos; e Clauder Barros Lisboa, 27. Estes dois últimos foram baleados na operação.
AMEAÇAS
Após saber que “Rafaelzinho” havia sido morto pela equipe do GPM, do delegado Éder Mauro, “Pitôco” resolveu arquitetar um plano para invadir a Delegacia do Marco.
Uma semana depois, o alvo levantado pela polícia seria a Seccional de São Brás com objetivo de resgatar os três presos que pertenciam à quadrilha.Uma cópia da carta será entregue às corregedorias da Polícia Civil e Militar para que sejam tomadas, imediatamente, as devidas providências sobre o caso.Em um dos trechos da carta, Maicon diz saber o endereço de onde moram vários policiais militares da Rotam: “O mano lá do Aurá me ligou e falou que descobriu a casa dos PMs da Rotam que mataram o camarada Ítalo. Vamos até a família deles s... e tocar fogo na casa deles”, planeja Maicon.O destinatário ainda diz que estará viajando para o município de Altamira onde pretende invadir a casa de um vereador da cidade. “Essa semana a gente vai a Altamira pegar a casa de um vereador. Lá dentro é uma mina de ouro e eu já estou ligado”, avisa.
Maicon ainda chega a citar nomes de bandidos rivais ao de seu grupo como Leandro e “Paulo Doido”. Os dois homens foram citados na carta no trecho em que “Maicon” diz a “Pitôco” que estão sendo vigiados por um alcagueta.“Eu tô ligado que vocês, ‘Lú’ e Leandro, avisaram o pilantra do “Paulo Doido”. E ele já tá ligado que a gente matou aquele vigilante do carro-forte lá na Cidade Nova. Vamos ficar esperto”, diz Maicon.Em seguida, o bandido avisa que será abastecido com mais armas para serem usadas no ataque que pretendem realizar na Seccional de São Brás e na Delegacia do Marco. São armas de grosso calibre e de uso exclusivo das forças policiais, como um fuzil Magal e pistolas. “Aquele mano vai deixar uma Magal, três ‘Ponto 40’ e duas mini (metralhadoras) no nosso apoio.
Já dá pra gente fazer aquele ataque à Seccional de São Brás e no sábado na delegacia (do Marco) do Éder Mauro”, conta.Quanto ao ataque à Seccional de São Brás, um policial civil, que não pretende revelar o nome, disse que já receberam vários telefonemas de pessoas anunciando o ataque. Segundo informações dele, a pretensão de Maicon e “Pitôco” é resgatar alguns membros do grupo deles que já estão presos na carceragem daquela unidade policial. Já a Delegacia do Marco recebeu várias ligações, mas devido pedirem apoio à Polícia Militar, o plano nunca foi concretizado.
LISTA
Entre cobranças por dívidas de drogas e planejamentos de ataques, a carta de “Maicon” também foi com uma lista de delegados, policiais civis, policiais militares, um juiz, um repórter e até bandidos rivais que deveriam ser mortos. “O ‘Silvinho’ ligou pra mim e falou que o ‘Jak o chicote’ ligou pra ele e vai dá apoio pra nós ‘dá-lhe’. Dou no Adriano narigudo e no ‘Dedé’ na rua. ‘Silvinho’ falou mais que vai descobrir o nome do juiz que está no caso dele pra gente mandar pro inferno”.No final da segunda página da carta, o bandido desenhou dois caixões funerários, um do lado do outro. Dentro, estavam os nomes das pessoas que devem morrer. “Vamos botar pra frente, já que acalmou mais. Não vai dar em nada pra nós quando a gente matar esses PMs”, orienta Maicon que pretende jogar a culpa para cima de “Tustão”.
Em uma das cartas interceptadas, Maicon usa a seguinte frase: “nós ‘samos’ (sic) recorde em homicídios. Só 39. É nós na fita. Nós samos poucos, mas samos louco”, confessa. Maicon finaliza listando os nomes dos membros de sua gangue: “Pitôco”, Leandro, “Bombril” e “Mal”. (Diário do Pará
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