quinta-feira, 6 de junho de 2013

Pará precisa de 563 médicos e recebe 90

Apenas 16% da demanda de municípios paraenses por profissionais médicos conseguiu ser atendida por meio do Programa de Valorização da Atenção Básica (Provab) do Ministério da Saúde. De 563 médicos solicitados com urgência para atuar em administrações municipais de saúde do Estado, apenas 90 foram efetivados para o atendimento à população, em cidades mais carentes pelo serviço. 

Com a falta de médicos, o Pará tem uma das situações mais graves do País, em relação à saúde dos cidadãos em seus municípios, perdendo apenas para o Maranhão e para o Amapá, respectivamente. O Estado tem menos de um médico (0,7) para cada 1000 habitantes, sendo que a média nacional, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), chega a 1,8. Com esse quadro crítico em evidência, algumas gestões municipais resolveram tentar pedir socorro ao Provab, a maior iniciativa de interiorização de médicos em regiões com muita urgência pelo serviço dos profissionais já executada no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. O resultado, no entanto, não foi o esperado. 

Mais de 90 municípios que pediram médicos não conseguiram um profissional sequer. Apenas 36 cidades receberam médicos, mas mesmo assim, de acordo com o Ministério da Saúde, não conseguiram suprir a maior deficiência de saúde de suas administrações: a falta de profissionais médicos. Em toda a região Norte, 1.372 médicos foram solicitados e a resposta obtida pelo Provab foi a de que apenas 193 viriam para tentar sanar os problemas da região. Juntos, 245 municípios nortistas requisitaram médicos, mas 161 não receberam nenhum, deixando a população sem atendimentos básicos de saúde. Em todo o Brasil, 55% dos municípios que pediram médicos não conseguiram um. Dos 2.867 municípios que pediram profissionais pelo Provab, 1.581 municípios não atraíram um sequer. Com isso, apenas 29% da demanda nacional por 13 mil médicos foi atendida: 3.800 participantes foram para 1.307 municípios brasileiros.

Bolsa

Os médicos participantes do Provab recebem uma bolsa mensal de R$ 8 mil, paga integralmente pelo Ministério da Saúde e devem cumprir 32 horas semanais de atividades práticas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e oito horas semanais de curso de pós-graduação em Saúde da Família com duração de 12 meses. Para garantir a qualidade do serviço prestado, a atuação desses profissionais é supervisionada mensalmente por 55 instituições e hospitais de ensino. Os médicos que cumprirem as atividades estabelecidas pelo programa e receberem nota mínima de 7 na avaliação terão pontuação adicional de 10% nos exames de residência médica, conforme resolução da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). A avaliação final é realizada de três formas - pelo supervisor, que vale 50% da nota, 30% pelo gestor e pela equipe na qual ele atuará, e 20% por autoavaliação. 

Os médicos participantes têm acesso às ferramentas do Telessaúde Brasil Redes, programa do Ministério da Saúde que promove a orientação dos profissionais da Atenção Básica, por meio de teleconsultorias com núcleos especializados localizados em instituições formadoras e órgãos de gestão. Outra ferramenta disponível é o Portal Saúde Baseada em Evidências, plataforma que disponibiliza gratuitamente um banco de dados composto por documentos científicos, publicações sistematicamente revisadas e outras ferramentas (como calculadoras médicas e de análise estatística) que auxiliam a tomada de decisão no diagnóstico, tratamento e gestão.

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