quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

"O sistema nacional encarece os produtos e desestimula o consumo"

O Brasil é campeão no nível de tributação sobre o preço final de itens de consumo como iPad e serviços como energia elétrica e refeições em restaurantes.
 
A conclusão é de uma pesquisa com 22 países concluída em dezembro pela UHY, rede internacional de firmas de auditoria e contabilidade, com sede no Reino Unido.
 
O estudo analisou o peso dos tributos indiretos sobre uma cesta de 16 produtos. Os tributos indiretos são aqueles que incidem sobre o preço de bens e serviços --como ICMS, PIS, Cofins e IPI--, e não sobre a renda do contribuinte.
 
No Brasil, os tributos dessa natureza representam 42,2% do preço final do iPad, o tablet da Apple, 27,3% do valor da conta de energia elétrica e 27,2% do preço de uma refeição fora do lar --maiores índices entre os 22 países analisados.
 
O país também tem a maior tributação em roupas infantis (27,2%) e a segunda maior em vinhos (44,3%).
 
ACIMA DA MÉDIA
 
O Brasil apresentou a segunda maior taxa de tributação entre os países avaliados, considerando sua participação no valor total da cesta de 16 produtos.
 
Os tributos no país representam 28,7% do preço da cesta, ante uma média mundial de 13,8%. O país só perde para a Índia, com 38%.
 
De acordo com o Instituto Brasileiro de Pesquisa Tributária (IBPT), a carga tributária paga pelos brasileiros nos produtos analisados pelo UHY é ainda maior.
 
Isso porque a pesquisa não contabiliza os encargos incidentes sobre folha de pagamento e sobre os lucros das companhias, que também estão embutidos no preço final dos produtos.
 
Para especialistas, a constatação do estudo reflete a distorção da matriz tributária brasileira, que prioriza a cobrança de impostos e contribuições sobre o consumo.
 
Em países da Europa, bem como nos Estados Unidos e no Japão, predomina a tributação sobre lucro ou patrimônio, diz João Eloi Onelike, presidente do IBPT. "O sistema nacional encarece os produtos e desestimula o consumo", afirma.
 
Segundo ele, uma medida que poderia amenizar esse efeito seria a definição de alíquotas menores para bens essenciais. "Mas na prática isso não ocorre."
 
Fonte: Folha

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