terça-feira, 6 de março de 2012

Deu no Diário do Pará

Andrey Monteiro e Dona Graça

A dor de um parto normal pode ser traumático para uma mãe, mas acompanhado de ofensas por parte do médico que a atende, pode ser pior ainda. Mais ainda quando o recém-nascido tem o braço e a clavícula fraturados durante o processo de nascimento. As duas situações ocorreram no dia 29 de fevereiro, no Hospital Municipal de São Miguel do Guamá, durante o parto de Graça de Fátima Cardoso Nogueira, de 41 anos.

Graça conta que no dia 29 se sentiu mal e foi levada pelo marido para o hospital de São Miguel do Guamá. Ela conta que não estava com dores e os médicos disseram que ela não estava pronta para ter o neném. A previsão para o nascimento da criança, segundo os exames de ultrassom realizados pela mãe, era somente para o dia 11 de março. “Eu realmente não estava sentindo dores e o pessoal que me atendeu disse para voltarmos para casa, que não tinha anestesia e que não tinham recebido seus salários, mas eu não tinha culpa nisso”, relata.

Graça acabou permanecendo no hospital e conta que foi feito “um parto na marra” pelos funcionários que a atenderam. Ela também alega ter sido ofendida verbalmente pelo médico durante o parto. “O doutor gritava muito comigo. Dizia que eu era uma parideira velha e que estava com frescura para ter o neném. Pare! Pare! Não sabe parir, não?”.

FRATURA

Após o parto em que deu à luz Emanuelle, o bebê foi encaminhado para o banho e, passado algum tempo, retornou para os braços da mãe. Graça de Fátima recebeu alta no dia 1º e no mesmo dia foi dar o primeiro banho da filha. “Ela chorava muito e foi no banho que percebi que o braço dela (direito) estava partido no meio. Levamos ela para o mesmo hospital e lá disseram que não tinha nem gaze para imobilizar o braço dela. Nós que compramos atadura para poderem imobilizar o bracinho dela”, conta Graça de Fátima.

Mas era apenas o início do problema para a mãe e a pequena Emanuelle. Graça e o marido solicitaram exames de raios X, para que a criança fosse avaliada por um ortopedista. O ortopedista, por sua vez, não queria dar o encaminhamento para que o bebê fosse levado para outro hospital. “Ele disse que se ele desse esse encaminhamento, que eu não deveria mais voltar e procurar por ele. Eu disse que tudo bem e trouxemos ela para o Hospital Metropolitano”.

Ao realizarem o exame de raios X, já no Metropolitano, descobriram que a clavícula da criança também estava fraturada. A criança recebeu o atendimento necessário e foi encaminhada para o Centro de Internação (CI) do hospital Abelardo Santos, em Icoaraci, onde permanece internada. Graça está hospedada na casa de uma irmã, em Outeiro, e vai todos os dias visitar a filha, para amamentá-la. “De resguardo, em dois dias, tive de pegar chuva para trazer minha filha para cá. Foi difícil, está sendo difícil o que passei por lá”, lamentou.

SEQUELAS

Além das fraturas provocadas durante o parto, Emanuelle vai ser submetida à fisioterapia, pois corre o risco de ficar com o braço defeituoso. “Eles banharam o bebê e não perceberam que ele estava com o braço quebrado? Minha família e eu estamos traumatizados com tudo isso que aconteceu. Eu não sou a culpada deles não receberem, mas isso não é motivo para nos tratarem feito bichos”, desabafou a mãe da criança.

Graça de Fátima acrescenta que no domingo recebeu uma ligação do secretário municipal de Saúde de São Miguel do Guamá, Laércio Miranda. De acordo com Graça, Miranda prometeu visitá-la ontem em Belém para saber como estava indo o tratamento da criança, porém não apareceu. Ela diz que ele também recomendou à mãe de Emanuelle que ela não concedesse entrevistas para nenhuma emissora ou jornal local.

O DIÁRIO não conseguiu contato com o hospital que atendeu Graça de Fátima, nem com a Secretaria Municipal de São Miguel do Guamá. O secretário Laércio Miranda também não foi localizado.

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