domingo, 2 de outubro de 2011

Taxa de natalidade entre famílias pobres sofre queda

Nascem menos crianças hoje em Belém que há dez anos. De acordo com o Censo 2010, a população até quatro anos da capital paraense recuou 18,2%, um fenômeno, uma vez que o movimento nas décadas de 80 e 90 era de crescimento. Segundo os dados do Censo, o maior responsável por esses números decrescentes são os bairros com os menores índices de desenvolvimento humano (IDH).

Nessas regiões pobres de Belém, a população de zero a quatro anos se reduziu 29,9% entre 2000 e 2010. O fenômeno observado não é exclusividade de Belém, mas é uma das mais acentuadas do País. Nas favelas do Rio de Janeiro e nos distritos pobres de São Paulo, por exemplo, a margem de redução ficou em 19%.

O Guamá foi o que teve a maior redução, entre os dez IDHs mais baixos de Belém. A queda foi de 32,9% na última década - saiu de uma população de 10.128, no início da análise, para 6.790 no ano passado. É mais que dez pontos percentuais do observado no Complexo do Alemão (-22%), a maior queda entre as favelas cariocas.

Reduções acentuadas da população até quatro anos também foram notadas na Guanabara (-29,8%), Terra Firme (-24,9%), Paracuri (-23,2%), Bengui(-21,5%) e Barreiro (-19,9%). Entre esses bairros de baixo IDH, somente o Tenoné, teve aumento da população de crianças: + 27,9% (quase 600 crianças a mais).

A queda no número de crianças podem indicar também famílias em mudança, aumento ou redução de população nessas áreas. Na Pratinha, por exemplo, o número de habitantes cresceu 23%, apesar de a população com menos de quatro anos ter caído 3,9%. O fenômeno é forte indício de queda da fecundidade, antes restrita apenas às áreas mais ricas.

Razões - O aumento da escolaridade e da renda e um maior acesso aos métodos contraceptivos entre as mulheres mais pobres são causas prováveis dessa redução. De acordo com o pesquisador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Gabriel Borges, a queda da fecundidade no País é constante desde a década de 60, mas aconteceu primeiro entre as mulheres mais escolarizadas nos grandes centros urbanos.

“Tradicionalmente, os grupos mais escolarizados e com maior renda, têm uma fecundidade menor. Enquanto isso, outros grupos com menor renda e de baixa escolaridade, com fecundidade ainda muito alta, tem mais espaço, tem uma gordura para queimar e essa taxa de fecundidade cair. Possivelmente, em longo prazo, teremos uma convergência desses números”, afirma.

A redução de pessoas até quatro anos nos bairros mais ricos (Nazaré, Batista Campos e Umarizal) foi de 11,8%. Somente Nazaré não teve índice negativo, registrando um dos maiores crescimentos da população nessa faixa-etária em Belém: 14,1%.

Já Batista Campos teve queda de 16,7% e Umarizal de 19,5%. Conforme o IBGE, são nesses bairros que se concentram a maior proporção de moradores com mais de 60 anos.

Ao longo dos dez anos, a quantidade de idosos aumentou cerca de 30% nessas três localidades, sendo a maior delas em Batista Campos (+39,7%), seguido por Nazaré (+25,3%) e Umarizal (+23,4%). Entre os bairros de menor poder aquisitivo, Paracuri, teve um acréscimo de 88%, Pratinha, teve 80%, Terra Firme, 6,7%, Bengui, 51% e Guamá, 33%.

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