segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Sete em cada dez presos voltam ao crime no Brasil

O ministro Cezar Peluso, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), disse nesta segunda-feira (5) que sete em cada dez presos que deixam o sistema penitenciário voltam ao crime no Brasil.

- A taxa de reincidência no nosso país chega a 70%. Isto quer dizer que sete em cada dez libertados voltam ao crime. É um dos maiores índices do mundo.

Segundo ele, atualmente cerca de 500 mil pessoas cumprem pena privativa de liberdade no país.A declaração foi feita durante a assinatura de renovação de parceria entre o CNJ e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) dentro do programa Começar de Novo, que prevê a criação de vagas para detentos e ex-detentos no mercado de trabalho e em cursos profissionalizantes.

De acordo com o CNJ, o público atendido pelo programa exerce atividades nas próprias unidades prisionais, em órgãos públicos, empresas privadas e entidades da sociedade civil. Em setembro, 300 presos do Maranhão deverão ser empregados na construção de 3.000 casas do Programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.

- O programa Começar de Novo visa à sensibilização de órgãos públicos e entidades da sociedade civil para que forneçam postos de trabalho e cursos de capacitação profissional aos presos e egressos do sistema carcerário. O objetivo do programa é promover a cidadania e, consequentemente, diminuir a criminalidade.

Segundo o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, a entidade pretende contribuir com o programa de duas formas: recomendando as empresas que poderão empregar e oferecendo formação para atender às exigências do mercado.

- Estamos aqui renovando este convênio e dizendo que a indústria precisa ajudar na quebra do ciclo de criminalidade. É uma série de passos para chegar a um único objetivo, que é começar de novo, dar uma oportunidade para aquele que errou, pagou pelo erro e tem direito a ter uma nova oportunidade.

O programa Começar de Novo foi criado em outubro de 2009 com o objetivo de oferecer oportunidades de capacitação profissional e de trabalho para detentos e ex-presidiários.

Até o dia 1º de setembro deste ano, segundo dados do CNJ, 1.696 postos de trabalho foram ocupados por detentos ou ex-detentos em todas as regiões do país.

Do total, 696 foram preenchidos somente entre maio e setembro deste ano, demonstrando, segundo o conselho, um aumento no ritmo.

O juiz Luciano Losekann, auxiliar da presidência do CNJ e coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Setor Carcerário, disse, no entanto, que “nem todos [os presos] estão aptos ao trabalho”.

- Dentro deste cenário, temos um quadro muito pequeno de presos trabalhando. Menos de 14% dos 500 mil presos [existentes no país] trabalham, e menos de 8% estudam. Podemos ver por aí que temos um desafio enorme pela frente no sentido de qualificar esta população e quebrar este ciclo de criminalidade que vem sendo gerado ao longo do tempo.

Segundo ele, a maior dificuldade para inserir os presos no mercado de trabalho é a falta de qualificação e estudo.

- Por não ter qualificação e estudo suficiente, a primeira barreira para o preso é justamente conseguir um tipo de qualificação que seja compatível com seu grau de instrução. Então é necessário treiná-lo, capacitá-lo e educá-lo durante o período de prisão, para tentar fazer com que esse sujeito chegue a um estágio no qual seja possível ele ter alguma forma de emprego, de sustento e de renda.


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