Seguindo o rastro do dinheiro, técnicos da Controladoria Geral da União (CGU), em Brasília, encontraram indícios de uma ação criminosa dentro da prefeitura de Teresópolis, envolvendo a aplicação dos R$ 7 milhões enviados pelo governo federal para socorrer as vítimas das enxurradas ocorridas em janeiro.
As suspeitas são de desvio de dinheiro público com uso de "laranjas", pagamentos de serviços fictícios e a empresas fantasmas ou de fachada, além de fraudes em nota fiscal.
Diante de tantas irregularidades, a CGU determinou, na última sexta-feira, o bloqueio da conta da prefeitura de Teresópolis abastecida pela União e vai exigir o ressarcimento de todo o dinheiro transferido para o município.
O GLOBO teve acesso a trechos do relatório da CGU, que só ficará pronto em dez dias. Para que a prefeitura de Teresópolis apresente sua defesa, será notificada ainda esta semana. Desde que o jornal começou, no dia 10 passado, uma série de reportagens com denúncias sobre a cobrança de propinas de até 50% de empresas contratadas para trabalhar na recuperação da cidade, a administração do município vem negando as acusações.
Segundo Luiz Cláudio Freitas, coordenador-geral de Auditoria da Área de Integração Nacional da CGU, técnicos observaram que, aparentemente, a prefeitura de Teresópolis tentou dificultar o rastreamento dos recursos, ao repassar dinheiro a diversas contas.
- A movimentação financeira da prefeitura de Teresópolis com os recursos transferidos pelo governo federal foi atípica. Normalmente, apenas uma conta bancária específica é aberta. Nós notamos que os gestores municipais tentaram dificultar, com várias transferências e usando diversas contas, o rastreamento do dinheiro.
A movimentação atípica e o repasse de recursos para empresas de fachada, supostamente operadas por "laranjas", serão comunicados esta semana ao Ministério Público Federal e à direção-geral da Polícia Federal. A CGU e o Ministério da Integração Nacional - que repassou os recursos - querem o assunto investigado.
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