quinta-feira, 14 de julho de 2011

Caso Lalau: União ‘recupera’ R$ 55 milhões desviados

Como se sabe, o crime no Brasil está na vizinhança, mas a Justiça mora longe, muito longe. Só de raro em raro o Judiciário dá as caras.

Nesta quinta (14), a AGU (Advocacia-Geral da União) divulgou uma nota na qual dá conta de uma dessas raras visitas da Justiça.

Informou-se que a Justiça Federal de Brasília determinou que sejam devolvidos às arcas do Tesouro R$ 54,9 milhões desviados da obra do TRT de São Paulo.

O escândalo, você talvez já nem se lembre, já fez aniversário de 13 anos. Os desvios ocorreram entre 1994 e 1998.

O juiz Nicolau dos Santos, presidente do TRT-SP à época dos malfeitos, ganhou um apelido –Lalau— e uma condenação.

Em maio de 2006, Lalau foi sentenciado a uma cana de 26 anos, seis meses e 20 dias. Passou por uma cela especial. Mas não esquentou a cama.

Sob a alegação de que o Lalau, já entrado em anos, exibia saúde precária, a Justiça converteu o xilindró, em 2007, numa confortavel prisão domiciliar. Saiu da cana de maca (veja foto lá no alto).

Em valores da época, os desvios do TRT sorveram da bolsa da Viúva, veneranda e desprotegida senhora, R$ 169,5 milhões.

O pedaço que a AGU diz ter recuperado resulta de um bloqueio judicial que alcançou verbas depositadas na rede bancária em nome do Grupo Ok.

Trata-se daquela empresa que tinha como sócio o ex-senador Luiz Estevão, cujo mandato foi passado na lâmina nas pegadas do escândalo.

Afora o inconveniente das manchetes adversas, Estevão chegou a fazer escala na cadeia. Hoje, vive em Brasília. Bem. E solto.

Os R$ 54,9 milhões supostamente recuperados encontram-se retidos numa conta aberta na Caixa Econômica Federal.

O repórter utiliza o vocábulo “supostamente” por uma razão singela: a decisão judicial festejada pela AGU ainda não é definitiva.

A sentença chega acompanhada de uma expressão corriqueira em casos do gênero: ainda cabe recurso. No caso específico, recurso ao TRF-1, sediado em Brasília.

Repise-se o parágrafo lá do alto: No Brasil, o crime mora ao lado. A Justiça? Longe, muito longe.

Fonte: Folha

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