Não poderia haver exemplo mais claro da degradação do poder político do que a frase do deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), mais uma vez chantageando o governo para conseguir aprovar uma emenda constitucional que aumenta o salário dos policiais militares: "O momento político é esse. Temos uma pedra preciosa, um diamante que custa R$ 20 milhões, que se chama Antonio Palocci".
Segundo a lógica política primária de Garotinho, "a bancada evangélica pressionou e o governo retirou o kit gay.
Vamos ver agora quem é da bancada da polícia. Ou vota, ou o Palocci vem aqui", disse o deputado da base governista, ameaçando o governo com a convocação do ministro da Casa Civil para explicar no Congresso seu enriquecimento, o que vem sendo impedido sistematicamente pelos governistas em diversas comissões na Câmara.
Temos nesse episódio todos os ingredientes que explicam como o governo Dilma Rousseff saiu de repente do céu de brigadeiro para a zona de turbulência que parece não ter fim.
O mais grave sintoma revelado pela fala de Garotinho é a perda de respeito de parte ponderável da base aliada pela principal figura política do governo, o ministro Palocci.
Primeiro foi o vice-presidente Michel Temer que gritou com ele, reagindo a uma desastrada ameaça de demitir os ministros do PMDB, caso não votassem contra o Código Florestal.
Agora, vem Garotinho referindo-se a ele ironicamente como uma "pedra preciosa" que vale R$ 20 milhões, valor revelado de seu patrimônio que precisa ser explicado à opinião pública, e só não o é porque ainda funciona a maioria preventiva do governo, que existe apenas para ocasiões como essas.
Mas a que custo, político e moral?
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