sábado, 25 de junho de 2011

Estado laico

Jeronymo Villas Boas, o juiz de Goiás que determinou o cancelamento da união estável de um casal homossexual (o Tribunal de Justiça de Goiás já revogou a decisão), é pastor evangélico da Assembleia de Deus Madureira e declarou que tomou a decisão sob inspiração divina.
 
A revelação foi feita na quarta-feira, 22, quando o juiz foi recebido por deputados da bancada evangélica da Câmara Federal.
 
"... Deus me incomodou, Deus como que me impingiu a decidir”, discursou Villas Boas, entre aplausos. ". “… sou pastor da Assembleia de Deus Madureira. E não nego a minha fé", concluiu, sob mais aplausos.
 
O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), abanou a fogueira da fé: "Sua desobediência santa nos inspira.".
 
Antes de subir ao púlpito, o juiz declarou que a sua decisão se resumiu ao “controle de legalidade do ato", pois a união homo afetiva específica não houvera preenchido os requisitos básicos para o registro.
 
Agora, bancado pela bancada evangélica, o discurso mudou e ele alega que a sentença, na verdade, foi uma psicografia direta do Criador.
 
Pelo sim, pelo não, ou pelo quem sabe, o juiz deve considerar que o estado é constitucionalmente laico. Isto não quer dizer que Deus deva ser afastado das decisões da República, mas, fundamentações divinas para prolações jurídicas tornam estas absolutamente ineptas.
 
É preciso que o Dr. Villas Boas, como bom pastor que é, não se esqueça do que está em “Mateus, 22, 15-22”, resumido na resposta do Cristo aos fariseus e herodianos que O interpelaram sobre a licitude tributária de César: “Pois daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.”.

A decisão do Supremo Tribunal Federal sobre uniões homo afetivas é a parte de César. Quanto a parte de Deus, que a unanimidade dos ministros que assim decidiram que se vire com Ele, quando lhes chegar a hora.

Blog do Parsifal 

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