O Sindicato dos Urbanitários acusa os diretores da Companhia de Abastecimento do Pará (Cosanpa) de terem reajustado os próprios salários em 73% no último mês. Segundo a entidade, os salários dos comissionados saltaram de R$ 8.055,29 para R$ 13.959, 20, conforme um documento oficial da companhia obtido oficiosamente pelos trabalhadores, que hoje entram no quarto dia de greve. O salário do presidente, Antônio Braga, subiu de R$ 9.830,25 para R$ 17.035,99 entre abril e maio, período de data-base dos urbanitários. A Cosanpa confirmou que houve um reajuste, mas não revelou os valores.
Na contramão dessa generosidade com seus diretores, a Cosanpa reajustou os salários de seus 1.346 funcionários em 6%. Eles pedem 10%. A empresa, no entanto, alega que o aumento da folha, que passaria a consumir R$ 2, 4 milhões. O valor representaria 100% da arrecadação da companhia, tornando assim o reajuste proposto inviável.
O aumento aprovado para diretoria provocou a indignação do Sindicato dos Urbanitários, que pretende denunciar os diretores ao Ministério Público do Estado (MPE). O índice de 73% é mais de dez vezes maior que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 6%, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e utilizado como base para a elevação de salários.
O presidente do sindicato, Ronaldo Romeiro Cardoso, disse que o documento vazado com a remuneração dos cargos mais altos da empresa enfraquece o argumento da diretoria a respeito da falta de recursos para aprovar o reajuste pedido pelos funcionários. 'Eles alegaram que a companhia vai quebrar se aumentarem 10% do nosso salário e o valor do tíquete-refeição. Mas por que aumentaram os próprios salários a estes patamares?', questiona.
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