A saga do burguês guamaense II

O burguês guamaense enquadra-se nos perfis sociais e ostenta a riqueza, o luxo, a vaidade e a superioridade. Esse grupo social comporta-se de forma diferenciada da massa popular, por isso merece destaque.

Os “endinheirados” guamaenses buscam na aparência meios para garantir os seus prestígios social, já que estão diante de uma sociedade interesseira que visa àquele que tem.

Os burgueses guamaenses têm preferências por religião, por isso estão divididos em católicos e evangélicos. Quantos aos católicos, a ousadia, a pretensão, a aparência e a falta de humildade se dão nos tradicionais festejos do Círio de Nazaré e na festividade do Padroeiro da cidade, uma vez que acontece o famoso leilão e os “endinheirados” disputam entre si o poder de compra, ou seja, é considerado o mais poderoso e aplaudido aquele que “arrematar” o maior número de objetos que estão sendo leiloados.

Há registros de que um burguês já arrematou um quilo de feijão por duzentos reais e um bolo simples por quinhentos. Há registro também que esse mesmo burguês pagou o quilo de feijão e o bolo simples com Cheque sem- fundo. Assim como muitos ofertaram o lance e não tiveram condições de pagar e os que pagaram, no dia seguinte, comeram ovo com farinha.

Ainda dentro do contexto religioso católico, a burguesia procura se diferenciar da população, quando participa da romaria, da procissão. Procissão é peregrinação, portanto os fiéis devotos pagam suas promessas e agradecem a Deus pelo milagre operado, através da “via-crúcis”, ou seja, do sacrifício, da longa caminhada, no entanto o burguês acompanha o percurso dentro do seu carro luxuoso, já que não pode calejar os pés.

Quanto ao burguês evangélico, esse “é o demônio disfarçado de anjo”, pois não tem certeza do que é melhor para si, por isso fica migrando de Igreja a Igreja, com intuito de identificar-se com a Igreja que defende o luxo, a vaidade e a ostentação. O Burguês evangélico representa a hipocrisia humana, porque não faz o que prega e quando faz, às escondidas, pratica iniquidade.

Há registros de que burguesinhas evangélicas vão expor o corpo com biquines ousados nas praias do nosso estado e participam de festas promiscuas na capital, logo depois busca a Deus através de orações nos Templos e nas Praças públicas, como forma de se redimir dos pecados e se justificarem aos homens, porém tal prática é condenada pela Bíblia, porque está escrito em Mateus: ”E, quando orardes, não sereis como os hipócritas, porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa.” Ou “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e fechada a porta, orarás a teu pai, que está em secreto, te recompensar”. Assim é a postura do burguês evangélico guamaense.

Os “detentores do dinheiro”, em São Miguel do Guamá, quando não estão nas praias ou à beira da piscina concentram-se nos restaurantes de nossa cidade e confraternizam-se: soltam gargalhadas estridentes, tomam coca-cola e arrotam, fazem refeição e palitam os dentes. Pelo que eu sei, palitar o dente é um hábito pré-histórico da época que nem se pensava em escovar os dentes e atualmente está completamente em desacordo com as normas básicas de etiquetas. Existe burguês que coloca a mão na frente para ninguém ver o que está fazendo e levanta o dedinho para ficar mais chique, o que se torna mais nojento.

Enfim, esses burgueses da minha querida São Miguel do Guamá são uns verdadeiros pobres coitados que não têm nem o que comer, mas garantem o luxo, apresentam a filha à sociedade, através do baile das debutantes, e oferece jantar especial aos “amigos” tudo para manter o prestígio com a sociedade hipócrita, interesseira e oportunista de São Miguel do Guamá.